terça-feira, 19 de outubro de 2010
um diálogo transparente
Hoje eu andei por toda parte, em busca de uma àrvore realmente convidativa. Por todas que passei eu me sentia vigiado. Continuei andando em busca de uma arvore que me recebesse de galhos abertos. Quase no fim de um caminho sem rumo encontrei uma arvore em um dia muito triste, provavelmente. Ela estava brotando do céu, e voltava em voltas para a terra. Dela brotavam musicas em tons maiores e menores, dependendo de quem estivesse ouvindo. Eu parei, e me sentei embaixo dela. Aos poucos fui soltando umas palavras em silêncio. Ela apenas me olhava. Tirei do fundo da minha cartola um baralho, nele haviam muitas cartas desenhadas. Tirei do monte quase invisivel um pedaço de papel. Fui dobrando e desdobrando até fazer-se um chapéu, tão charmoso quanto nossa conversa silênciosa. Ela sorriu, com um sorriso que só uma arvore pode dar. Foi quando então, me senti realmente perto para poder abraça-la. Me levantei e sem olhar para tras, fui embora como se não fosse mais voltar. Quando a noite nasceu, me fiz andar até o tal jardim em que a arvore brotava. Eu fui em passos leves, na ponta dos pés, até os seus olhos que dormiam e pendurei um par de estrelas nos seus cilios. Fui embora para sempre, dessa vez, tendo certeza que todas as vezes em que a arvore visse uma estrela, o sol ou um pedaço de papel, lembraria de mim e ficaria feliz. Logo, ela seria feliz para sempre.
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