A menina de olhos brilhantes apareceu pela primeira vez na minha vida quando, em uma tarde de inverno, eu a vi pintando flores no chão. Chovia tanto naquele dia que as flores borravam até sumir. Quanto mais as flores se iam, mais a menina tinha o brilho nos olhos. Eu me aproximei e pedi à ela uma flor. Ela levantou. Me olhou com todos os seus olhares e pintou com o dedo uma flor bem no meio do meu rosto. A flor ganhou vida quando ela deu o ultimo traço. Ela crescia sem parar para dentro de mim. Fez algumas voltas ao lado do meu coração e apareceu no meu nariz. A menina me olhou e sorriu. Ela olhava para mim como se eu fosse a própria flor que ela deu-lhe a vida. Como se eu tivesse vivido apartir de um traço mágico. Como se eu estivesse prestes à borrar e sumir. Como se a menina fizesse parte da minha vida daquele dia em diante.
Da ultima vez em que vi a menina de olhos brilhantes, já era tarde. Olhei para o meu nariz e descobri: eu era a flor.
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