terça-feira, 19 de outubro de 2010

do espaço

  Alguém tratou de me soltar as amarras. Estou no espaço. Sozinho. Não consigo sentir os meus pés em terra firme em nenhum momento. Talvez seja isso que me tira o sono. E que, à cada entardecer, me faz assoprar poesias pelo ar. Elas voam conduzidas por palavras, como as bolhas de sabão, que eu faço do alto da vida, se conduzem por sorrisos.
  Quem sabe algum dia eu ainda esbarre com outro ser que fora solto pelas amarras e pôde ir além do planeta agua. Alguém que, como eu, vive feliz e triste, tudo ao mesmo tempo. Um outro ser que também viva longe dos outros seres. Que esteja solto por entre todos os mistérios do universo. E, principalmente, que nunca se acomode. É só assim que conseguimos escrever, quando não temos mais chão, ou alguma superfície limitada. Talvez por isso eu não esbarre com ninguém, as pessoas não querem ser soltas pelas amarras. Não querem tirar o pé do chão e, muito menos, ultrapassar a velocidade da luz.
  Nas bordas do meu pensamento vive alguém tão livre quanto eu. É a menina de todos os meus poemas. Posso não encontrá-la em palavras. Mas tenho certeza que ela nunca irá preferir se amarrar novamente à terra. As borboletas estão muito além de nossos olhos. E ela, muito além do ser humano.

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