terça-feira, 19 de outubro de 2010
o labirinto
As estradas de dentro dela escondiam um grande segredo. Eu nunca quis desvendá-lo, é claro. Segredos foram feitos para serem secretos para sempre. O labirinto de dentro dela me parecia eternamente infinito. À cada passo uma nova sensação. Flores cresciam de todas as partes, e me vinham à boca como notas musicais perdidas entre tanto mistério. Avisos colados por paredes aleatórias alertavam sobre os possíveis perigos que eu precisaria enfrentar. Não pensei em voltar, até porque, em um labirinto, voltar significa estar perdido do mesmo jeito. Os tijolos eram de cores gritantes, e isso me encantava passo à dentro. Eles, de certa forma, iam me dizendo o caminho final. Eu sentia o cheiro da resposta, embora soubesse que nem sempre a resposta é realmente verdadeira. Mas a sensação me prendia, era indescritivel. Todas as borboletas da flor que crecia no meu nariz juntavam-se em minha barriga. Eu sentia que chegava perto de um final. E por fim tive de enganar uns seres horrorosos com migalhas de pão. Quando abri, finalmente, a porta de saída, descobri que toda a vida da menina se fazia dentro do labirinto. Afinal, um mistério não se foi feito para descobrir, e sim para nos encharcar de dúvidas à cada passo desvendado.
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