segunda-feira, 1 de novembro de 2010

despedida

  Depois de um longo tempo isolado da parte humana do mundo. Convivendo diariamente com o sol em demasia, me fazendo adoecer em meio ao calor. Com os trovões que me acordavam assustado na claridade da noite. Com o entardecer infinito do céu, que me fazia ultrapassar as barreiras de apenas mais um planeta e carregá-lo em mãos. E, principalmente, tendo de conviver comigo mesmo. Sem pausas. Sem escape. E completamente entregue à minha própria companhia. Tenho, hoje, que voltar ao contato carnal. Olhos nos olhos. E eu, como sempre fui mestre, modestia à parte, tenho que me alojar dentro de mim. Ficar um tanto longe do seres humanos. Inclusive do meu ser humano. E observar de longe, cada folha que insiste em se agarrar na arvore que balança com o vento. E cada parte da arvore que floresce coloridas margaridas, que ao contrário das rosas, rosas, brotam amarelas.
  Deveria estar aliviado por finalmente voltar à minha não-rotina. Por viver dia após dia. E mesmo que não me agrade, fazer parte. Mas novamente está em meus olhos o medo do que virá. Estou imóvel, e incerto não consigo adormecer. Estou insone, e disposto começo a morrer. Se lhe serve de consolo, começamos a morrer quando nascemos.

  Se eu descobrir um dia o que acontecerá comigo, eu posso inventar um bilhete descrevendo tudo com detalhes. Por hoje, me deixe morrer mais um pouco.

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