Isabele chegou em casa faminta, e correu para a mesa que estava coberta com uma grande toalha bordada à mão. De longe ela havia observado um grande volume, e a primeira coisa que veio em mente foi "um bolo de chocolate!". Isabele estava suja dos pés à cabeça, pois era seu aniversário, e decidiu passá-lo brincando com as borboletas. No dia do nascimento de Isabele, enquanto sua mãe se distraía com o quê as pessoas falavam sobre a filha, a menina descobriu pela primeira vez o que significava estar viva. A janela estava aberta, e era o primeiro dia de primavera. As flores nasciam feito bolas de neve coloridas, mas bastava um vento um pouco mais bravo, que elas tombavam por entre o jardim e seus arbustos esverdeados. Foi num desses tombos floridos que uma flor em forma de 8 caiu e ganhou vida. Voou até o quarto de Isabele e pousou no seu nariz. Isabele deu o primeiro riso de sua vida. Sua mãe quis matar a borboleta, achando que fosse uma ameaça para a sua pequena donzela. Já o pai disse para deixar, ou caso contrário, compraria uma coleção inteira de borboletas de estimação e soltaria no quarto de Isabele. Os adultos começaram à conversar mais uma vez, e quando sua mãe olhou para ela, a borboleta havia sumido. Mas só um segundo, e onde foi parar?
Mas voltando ao dia em que Isabele fez aniversário e comemorou com as borboletas, ela tirou a toalha da mesa desejando um grande bolo de aniversário. Quanta decepção. Havia apenas um escafandro embrulhado em papel de presente. Isabele colocou o seu presente da cabeça e fechou os olhos. Começou a girar. A casa estava caindo. O chão estava levitando. E Isabele? Isabele não estava.
Algum tempo depois, a menina chegou à um bosque brilhante. Tudo o que ela via eram borboletas. Entravam nos olhos, no nariz, no céu da boca. Mas onde estava Isabele? Seu escafandro pesava um pouco mais leve e colorido naquele momento. "Eu só posso ser uma astronauta ou um mergulhadora do espaço" pensou a menina, desejando cair novamente no planeta do qual saíra.
Depois desse dia, ninguém mais soube como Isabele conseguiu voltar para o seu quarto. Talvez ela nunca tenha saído de lá. Talvez ela nunca tenha estado lá. Mas Isabele teve muita sorte, quando ganhou um escafandro cheio de borboletas. Hoje em dia as pessoas costumam usar escafandros de nada e ficam cegos. Isabele ficou cega, mas ela ficou cega de borboletas.
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