sábado, 18 de dezembro de 2010

escute!

    Estou vendendo palavras meu caro Dom Casmurro. A avenida está movimentada hoje, não está? Eu acho que os exterrestres desistiram da encomenda que fizeram para hoje ao fim da tarde. Eles haviam me pedido para que lhes vendessem umas mil palavras, tudo de uma só vez, não é curioso? Esses humanos não perdem tempo mesmo, mal ponho os pés para fora de casa e você já está aqui, mendigando palavras. Você acha certo a poesia sair de outros miolos? Sua boca só servirá para o batom final, que no máximo caprichará no sotaque gélido dessas bandas do norte. Não fique aí parado, não olhe para o alto do palaque. Apenas suba, desabotoe os papéis e grite como um louco. Vaze a poesia por aí. Só não se esqueça de tudo que fiz por você, meu caro amigo. Não perca as contas e as pontas, não deixe de pensar que eles estão por aí. Porque você deve saber, senhor de chapéu negro, eu apenas troco as palavras. Eu troco todas as minhas palavras por todos os teus silêncios.


  Antes de exister a palavra, não existia o silêncio. E antes de existir o silêncio, só o silêncio existia. Silêncio. Silên. Silê. Si.

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