quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

e dentro de mim, a guerra

  Hoje eu sou o general de mim mesmo. Os soldados estão perfilados ao lado direito do meu peito, um por um, dente por dente, olho por olho. Do outro lado do campo estão os adversários, que são meus mais fortes aliados ao mesmo tempo. Estou lutando comigo mesmo, isso acontece todo o tempo. Não sei exatamente qual é o motivo de todo esse tiroteio de mentira. Poderia inventar um motivo qualquer, mas uma guerra nunca tem um motivo. Cada soldado luta por um ideal próprio. Vê este correndo como um louco em circulos? Ele luta para morrer, quer apenas encontrar um bom motivo para não existir. Ele clama por um tiro no peito, pode ser um tiro de misericórdia, eu juro que ele não ficará triste por isso. E agora vê este que está pulando à beira do precipício? Esse quer apenas lutar contra a guerra. Ele pensa que guerrear contra a própria guerra não é fazê-la. Você consegue perdoa-lo por isso? O que eu quero dizer, é que cada pedaço de mim luta para sobreviver, porque no fundo todos nós estamos lutando para sobreviver o tempo inteiro. Estou lutando contra mim mesmo, quero perder e ganhar, chorar e sorrir, viver e morrer, e tudo ao mesmo tempo. Dentro de mim a guerra continua. Quero ser e não ser ao mesmo tempo. Eu devo ser blindado por dentro, caso contrário estaria completamente esburacado. E a blinadagem é tão forte, que ninguém consegue entrar dentro de mim. Pelo menos hoje a guerra continuará firme e forte, dentro de mim.

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