tag:blogger.com,1999:blog-61972347977726156322024-03-13T13:14:42.586-07:00não é apenas uma cartolanão é apenas uma cartolahttp://www.blogger.com/profile/05327191812775385235noreply@blogger.comBlogger88125tag:blogger.com,1999:blog-6197234797772615632.post-78220473135158195522010-12-26T17:21:00.000-08:002010-12-26T17:31:25.214-08:00o escafandro e as borboletas Isabele chegou em casa faminta, e correu para a mesa que estava coberta com uma grande toalha bordada à mão. De longe ela havia observado um grande volume, e a primeira coisa que veio em mente foi "um bolo de chocolate!". Isabele estava suja dos pés à cabeça, pois era seu aniversário, e decidiu passá-lo brincando com as borboletas. No dia do nascimento de Isabele, enquanto sua mãe se distraía com o quê as pessoas falavam sobre a filha, a menina descobriu pela primeira vez o que significava estar viva. A janela estava aberta, e era o primeiro dia de primavera. As flores nasciam feito bolas de neve coloridas, mas bastava um vento um pouco mais bravo, que elas tombavam por entre o jardim e seus arbustos esverdeados. Foi num desses tombos floridos que uma flor em forma de 8 caiu e ganhou vida. Voou até o quarto de Isabele e pousou no seu nariz. Isabele deu o primeiro riso de sua vida. Sua mãe quis matar a borboleta, achando que fosse uma ameaça para a sua pequena donzela. Já o pai disse para deixar, ou caso contrário, compraria uma coleção inteira de borboletas de estimação e soltaria no quarto de Isabele. Os adultos começaram à conversar mais uma vez, e quando sua mãe olhou para ela, a borboleta havia sumido. Mas só um segundo, e onde foi parar?<br />
Mas voltando ao dia em que Isabele fez aniversário e comemorou com as borboletas, ela tirou a toalha da mesa desejando um grande bolo de aniversário. Quanta decepção. Havia apenas um escafandro embrulhado em papel de presente. Isabele colocou o seu presente da cabeça e fechou os olhos. Começou a girar. A casa estava caindo. O chão estava levitando. E Isabele? Isabele não estava.<br />
Algum tempo depois, a menina chegou à um bosque brilhante. Tudo o que ela via eram borboletas. Entravam nos olhos, no nariz, no céu da boca. Mas onde estava Isabele? Seu escafandro pesava um pouco mais leve e colorido naquele momento. "Eu só posso ser uma astronauta ou um mergulhadora do espaço" pensou a menina, desejando cair novamente no planeta do qual saíra.<br />
Depois desse dia, ninguém mais soube como Isabele conseguiu voltar para o seu quarto. Talvez ela nunca tenha saído de lá. Talvez ela nunca tenha estado lá. Mas Isabele teve muita sorte, quando ganhou um escafandro cheio de borboletas. Hoje em dia as pessoas costumam usar escafandros de nada e ficam cegos. Isabele ficou cega, mas ela ficou cega de borboletas.não é apenas uma cartolahttp://www.blogger.com/profile/05327191812775385235noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6197234797772615632.post-46323296275007696322010-12-25T13:45:00.001-08:002010-12-25T13:50:42.654-08:00sobre a solidãoQuanto menos a gente fala, mais pra dentro de nós mesmos ficamos.não é apenas uma cartolahttp://www.blogger.com/profile/05327191812775385235noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6197234797772615632.post-32129742980492661342010-12-18T19:38:00.000-08:002010-12-18T19:38:23.245-08:00escute! Estou vendendo palavras meu caro Dom Casmurro. A avenida está movimentada hoje, não está? Eu acho que os exterrestres desistiram da encomenda que fizeram para hoje ao fim da tarde. Eles haviam me pedido para que lhes vendessem umas mil palavras, tudo de uma só vez, não é curioso? Esses humanos não perdem tempo mesmo, mal ponho os pés para fora de casa e você já está aqui, mendigando palavras. Você acha certo a poesia sair de outros miolos? Sua boca só servirá para o batom final, que no máximo caprichará no sotaque gélido dessas bandas do norte. Não fique aí parado, não olhe para o alto do palaque. Apenas suba, desabotoe os papéis e grite como um louco. Vaze a poesia por aí. Só não se esqueça de tudo que fiz por você, meu caro amigo. Não perca as contas e as pontas, não deixe de pensar que eles estão por aí. Porque você deve saber, senhor de chapéu negro, eu apenas troco as palavras. Eu troco todas as minhas palavras por todos os teus silêncios. <br />
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Antes de exister a palavra, não existia o silêncio. E antes de existir o silêncio, só o silêncio existia. Silêncio. Silên. Silê. Si.não é apenas uma cartolahttp://www.blogger.com/profile/05327191812775385235noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6197234797772615632.post-4207186185996353132010-12-15T05:54:00.001-08:002010-12-15T05:54:33.982-08:00o mundo de sabão Da luneta que havia no meu quarto, eu observava tudo ao meu redor. Do outro lado da rua, bem em frente à minha casa, havia um outro planeta. Ele parecia deserto e habitado por alguem muito sereno. O mais estranho desse planeta, é que vez por outra ele brilhava em tons de verde-azul, vermelho-laranja. Eu ficava caducando em idéias, e logo me deitava no jardim para tentar descobrir o mistério do planeta vizinho. Eu confesso que isso não era uma coisa muito fácil de se pensar. <br />
No dia seguinte lá estava eu novamente, com os olhos na luneta, à olhar para o outro lado da rua. Eu consegui ver, finalmente, movimento nesse tal planeta. Eu a vi, no mesmo instante que eu, espiando o lado de cá do nosso asfalto de estrelas. Ela levou um susto e se escondeu atrás dos arbustos de aquarela que ela havia decorado o quintal. Ficamos alí, observando o mundo do outro. Para mim, era intocável, porém acessivel o mundo da menina. Porém, para ela, o meu mundo era apenas admirável. E de muito longe. Eu realmente devo dizer que ela me agradou no exato momento em que descobriu que não poderia me invadir, nem fazer parte de mim.<br />
O relógio girou algumas centenas de vezes, e eu finalmente descobri. O mundo em que ela vivia poderia ser chamado do que fosse. Poderia nem ter nome, dependendo do tamanho. Ele poderia ser bonito e ter um jardim de papel. Mas ela, com toda a certeza, morava em uma bolha de sabão. Quem sabe ela não assoprou a bolha de sabão quando criança, e foi sugada para dentro da bolha? Talvez ela tenha caído para dentro, e nunca mais conseguiu escapar. Hoje eu apenas observo de longe o mundo da menina. Espero ansioso o dia em que eu possa lhe contar da minha descoberta. Talvez ela nem saiba onde vive, mas eu posso lhe dizer. Eu preciso avisá-la, antes que ela invente de plantar algumas flores na terra. Porque você sabe, não sabe? Quando nós vivemos em uma bolha de sabão, basta um descuido para que a bolha estoure. E para que nosso mundo desabe.não é apenas uma cartolahttp://www.blogger.com/profile/05327191812775385235noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6197234797772615632.post-14212880434550088632010-12-15T05:53:00.001-08:002010-12-15T05:53:19.290-08:00e dentro de mim, a guerra Hoje eu sou o general de mim mesmo. Os soldados estão perfilados ao lado direito do meu peito, um por um, dente por dente, olho por olho. Do outro lado do campo estão os adversários, que são meus mais fortes aliados ao mesmo tempo. Estou lutando comigo mesmo, isso acontece todo o tempo. Não sei exatamente qual é o motivo de todo esse tiroteio de mentira. Poderia inventar um motivo qualquer, mas uma guerra nunca tem um motivo. Cada soldado luta por um ideal próprio. Vê este correndo como um louco em circulos? Ele luta para morrer, quer apenas encontrar um bom motivo para não existir. Ele clama por um tiro no peito, pode ser um tiro de misericórdia, eu juro que ele não ficará triste por isso. E agora vê este que está pulando à beira do precipício? Esse quer apenas lutar contra a guerra. Ele pensa que guerrear contra a própria guerra não é fazê-la. Você consegue perdoa-lo por isso? O que eu quero dizer, é que cada pedaço de mim luta para sobreviver, porque no fundo todos nós estamos lutando para sobreviver o tempo inteiro. Estou lutando contra mim mesmo, quero perder e ganhar, chorar e sorrir, viver e morrer, e tudo ao mesmo tempo. Dentro de mim a guerra continua. Quero ser e não ser ao mesmo tempo. Eu devo ser blindado por dentro, caso contrário estaria completamente esburacado. E a blinadagem é tão forte, que ninguém consegue entrar dentro de mim. Pelo menos hoje a guerra continuará firme e forte, dentro de mim.não é apenas uma cartolahttp://www.blogger.com/profile/05327191812775385235noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6197234797772615632.post-13624235368388395222010-11-26T15:39:00.001-08:002010-11-26T15:39:26.944-08:00sobre o ponto de interrogaçãoA invenção mais inteligente que um ser humano já fez foi o ponto de interrogação.não é apenas uma cartolahttp://www.blogger.com/profile/05327191812775385235noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6197234797772615632.post-90960460676511493662010-11-26T15:38:00.001-08:002010-11-26T15:38:33.743-08:00sobre as perguntasNão importa quão sábia e complexa seja a resposta, uma pergunta vale muito mais do quê uma resposta.não é apenas uma cartolahttp://www.blogger.com/profile/05327191812775385235noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6197234797772615632.post-27538407593951367702010-11-26T15:37:00.001-08:002010-11-26T15:37:53.268-08:00só se for a dois A música começa lentamente, o piano vai se abrindo pelo jardim inteiro. Venta bastante, olhando de cima e atentamente. Ninguém costuma colocar as roupas para secar no varal quando está ventando muito. As pessoas vivem com medo de que as roupas voem para muito longe, e que nunca mais as encontrem. Eu estava, especialmente nesse dia, abandonado na janela de casa. Também estava velho e rasgado por dentro. A música começa à estourar pelo ar e lentamente vai me abrindo pelo jardim ao meio. Passa na minha frente um outro ser, era uma sapatilha. Ela parecia uma bailarina flutuando pelas beiradas do quintal. Eu olhava para ela triste. Mais uma vez o vento sacodiu a casa e levantou a doce sapatilha em voo alto. Foi subindo, subindo, e caiu encima do varal, presa pelo cadarço. Nessa hora a menininha que usava a sapatilha para levitar em pleno ballet apareceu, e me salvou a vida. Olhou para mim e depois para a sapatilha. Correu em minha direção tropeçando nos próprios passos e me agarrou firme em suas mãos. Parou por alguns segundo e disse: "Você está com uma carinha muito triste, vou lhe apresentar para minha doce sapatilha". Me carregou nas mãos até o varal solitário e me amarrou junto à sapatilha. Eu fiquei alí, olhando para ela sorrindo como uma princesa. A música agora já fazia parte de nós dois, e apenas se for à dois. Ainda estamos lá. O vento se foi, voltou, voou e o sol abriu. O tempo passou e os livros fecharam. E ainda estamos lá. Quando dois seres se encontram é díficil de separar, principalmente quando estão abraçados em braços de cadarço.<br />
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Eu amo uma sapatilha, a princesa do meu jardim.não é apenas uma cartolahttp://www.blogger.com/profile/05327191812775385235noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6197234797772615632.post-19179071802607846882010-11-26T15:36:00.001-08:002010-11-26T15:36:51.915-08:00sem sentido É difícil de acreditar, mas eu sou de um planeta perdido no espaço. É um planeta sem nome, confesso, mas não deixa de ser importante para o universo. Eu vivia sozinho, pensando em como os outros pontos luminosos ao meu redor podiam gerar tanta luz. Havia um planeta que parecia azul, mas metade do tempo ele estava claro e bonito, e na outra metade ele reluzia falso e por obrigação. Se é que um planeta pode ter um dono para lhe obrigar à algo. Isso me intrigara profundamente, e certo dia eu decidi que tropeçaria de propósito rumo ao tal planeta desconhecido. Ao acordar, mergulhei no espaço feito astronauta curioso. Naveguei por dias e dias até que tombei em um quintal. Eu tive a certeza de que era esse o planeta em que eu queria habitar, ele é mágico, triste e um ponto de interrogação gigante dentro de mim. Eu estava de cabeça para baixo, pendurado pelos pés em um varal. Fiquei alí por horas e horas, até vir alguém e me dizer: "você está de cabeça para baixo". Isso é um tanto engraçado, como se pode saber se alguém está de cabeça para baixo ou para cima? Eu só mergulhei no espaço, as coisas não fazem sentido.não é apenas uma cartolahttp://www.blogger.com/profile/05327191812775385235noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6197234797772615632.post-19588061010881031082010-11-26T15:35:00.001-08:002010-11-26T15:35:20.796-08:00o espetáculo vida Abram-se as cortinas. Venham. Venham. O espetáculo está para começar. Encontre uma poltrona vazia e sente-se. O maior espetáculo de todos está bem alí, na nossa frente. Atrás dessa cortina os personagens respiram fundo antes de entrar em cena. E fechem-se as portas. Silêncio. Até os passos mais sutis podem incomodar a platéia. Cena 1: Lá estou eu, andando pelos holofotes e de meias brancas, esperando o fim desse teatro mágico. Tropeço e o som do acordeon vai ficando mais alto até que me deixa completamente surdo. Ver é fácil quando se tem olhos fechados. Fecho os olhos. Do meu lado passeiam pessoas em passos de valsa. Apertem os cintos, estamos prestes à decolar. Entre capitão, grite para nossos tripulantes. Olho para o meu lado esquerdo, e vejo direito todas as frases que ele perdeu pelo caminho. "Rumo à lua num tapete voador" - Gritou o senhor capitão, de farda azul espacial. O foguete desaba em pleno cenário e desmonta feito relógio, que tic-tac-tic-tac. O despertador anuncia o fim do espetáculo. Cena 2: Eu estou sentado no topo do universo, e observo todas as cenas. Personagens atrás de máscaras e cortinas. Abram-se os sorrisos. É hora de anunciar para toda a platéia deste mundo que não existe diretor. O teatro é mágico e livre até que as cortinas se fechem novamente. <br />
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Fecham-se as cortinas...não é apenas uma cartolahttp://www.blogger.com/profile/05327191812775385235noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6197234797772615632.post-39811208982555651082010-11-22T06:33:00.001-08:002010-11-22T06:33:57.519-08:00sobre os nomesO que existe dentro dos nomes? E se eu me chamasse Jorge, eu não seria quem eu sou hoje?<br />
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Nota: Um dia eu vou ter um filho sem nome, para ver se faz alguma diferença. Talvez faça, porque quase sempre o silêncio diz muito mais do que palavras.não é apenas uma cartolahttp://www.blogger.com/profile/05327191812775385235noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6197234797772615632.post-63225692337655981772010-11-22T06:32:00.005-08:002010-11-22T06:32:55.946-08:00sobre o tempoO tempo não existe. Ele não passa. Quem passamos somos nós.não é apenas uma cartolahttp://www.blogger.com/profile/05327191812775385235noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6197234797772615632.post-63365004692553549302010-11-22T06:32:00.001-08:002010-11-22T06:32:23.806-08:00sobre o espermatozóideSerá que os outros espermatozóides vão para outros planetas quando não conseguem chegar à terra? Será que é realmente uma sorte, como dizem as pessoas, termos chegado ao nosso planeta? Quando me dizem que sou um vencedor, é impossivel não pensar que o planeta terra pode ser a última posição dentro do universo.não é apenas uma cartolahttp://www.blogger.com/profile/05327191812775385235noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6197234797772615632.post-14710165417994266902010-11-22T06:31:00.001-08:002010-11-22T06:31:25.795-08:00sobre as mentirasPorque no dia em que eu vi uma rosa branca decorar os cabelos de mamãe, eu me decepcionei tanto, que tive certeza que dalí em diante as pessoas começariam à mentir para mim.não é apenas uma cartolahttp://www.blogger.com/profile/05327191812775385235noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6197234797772615632.post-69000912191109543662010-11-22T06:30:00.001-08:002010-11-22T06:30:12.457-08:00sobre a metamorfoseEu sou quase tão solúvel e mutável quanto o céu.não é apenas uma cartolahttp://www.blogger.com/profile/05327191812775385235noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6197234797772615632.post-65290159405520619482010-11-01T20:22:00.001-07:002010-11-01T20:22:52.520-07:00sobre o extraterrestre Será que há séculos atrás, quando não havia espelho, a primeira pessoa que descobriu seu próprio reflexo na água se assustou com a figura tão esquisita desse ser estranho chamado humano?não é apenas uma cartolahttp://www.blogger.com/profile/05327191812775385235noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6197234797772615632.post-7281037814246589512010-11-01T20:21:00.003-07:002010-11-01T20:21:40.995-07:00sobre o livroNenhuma história termina quando fechamos a ultima página do livro.não é apenas uma cartolahttp://www.blogger.com/profile/05327191812775385235noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6197234797772615632.post-56969382673524623702010-11-01T20:18:00.001-07:002010-11-01T20:18:33.273-07:00sobre o amanteQuando um amante chora de amor, é para apagar o incêndio que tem no peito.não é apenas uma cartolahttp://www.blogger.com/profile/05327191812775385235noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6197234797772615632.post-61178586901183877652010-11-01T20:16:00.001-07:002010-11-01T20:16:05.172-07:00sobre a idéiaE tudo que eu não disse poderia se tornar um livro muito mais bonito do que tudo que eu consegui dizer.não é apenas uma cartolahttp://www.blogger.com/profile/05327191812775385235noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6197234797772615632.post-15974439920163093922010-11-01T20:13:00.001-07:002010-11-02T09:10:11.468-07:00os postes de mãos dadas Os pássaros que vinham do sul pararam para descansar em alguns fios entre dois postes de luz. Quem olhasse veria apenas mais um bando corajoso, arriscando sua livre vida de passarinho, para descansar as asas depois de um dia inteiro atravessando o céu. Eu, quando voltava para casa, vi uma menina sentada no quarto degrau de uma velha escadaria da cidade. Ela mantinha os olhos fixos e brilhantes na direção das aves. No começo até pensei que ela estivesse se divertindo com as nuvens e inventando formas para cada uma. Mas o céu estava completamente azul. Não havia uma nuvem sequer naquela tarde. Intrigado, sentei ao lado da moça e perguntei para o quê ela estava olhando com tanta atenção. Olhou para mim, séria, e me fez um sinal para que eu ficasse em silêncio. Olhou novamente para os bichos e tornou a olhar para mim dizendo:<br />
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- Você está vendo aqueles dois postes de mãos dadas?<br />
- Sim.<br />
- Olhe os passarinhos que estão descansando nos braços deles.<br />
- São muito bonitos.<br />
- Agora olhe com poesia. Não diga nada. Só ouça. E perceba. <br />
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Fiquei alguns minutos olhando fixamente para o bando e comecei a ouvir uma linda melodia. Parecia com a flauta mágica de mozart, mas era um pouco mais suave e alegre. Um pouco depois os passarinhos começaram a se juntar. Começaram a formar um desenho. Eu não sabia de onde a música estava vindo. Até que o desenho se formou por completo. Descobri então de onde a melodia brotava com tanta perfeição. Olhei para a menina, que continuava com os olhos brilhantes, e perguntei o motivo de tudo aquilo que eu acabara de ver. E ela, abaixando um pouco o rosto, disse no meu ouvido:<br />
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- Basta ver as coisas com poesia. E só.<br />
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Para você que não tem coragem para tanto, observe o desenho e tente ver as coisas com outros olhos. Ou com os mesmo, mas com um pouco de poesia.não é apenas uma cartolahttp://www.blogger.com/profile/05327191812775385235noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6197234797772615632.post-33772446279878634112010-11-01T20:11:00.001-07:002010-11-01T20:11:20.289-07:00marteSe de amor<br />
me fizessem com arte<br />
a maior parte de mim<br />
nasceria em marte.não é apenas uma cartolahttp://www.blogger.com/profile/05327191812775385235noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6197234797772615632.post-14802665685068583782010-11-01T20:09:00.001-07:002010-11-01T20:09:10.481-07:00excursão para marte Todos os dias, ao escurecer, ele ia até o céu e plugava as estrelas na tomada. Elas iam aos poucos brilhando, até iluminarem todo o espaço. Esse era o seu trabalho. Todos os dias, na mesma hora, ele deveria estar lá para ligá-las. <br />
Um dia, o menino que ligava as estrelas, olhou lá de cima e viu a terra brilhando mais do que deveria. Ele ficou muito triste. Tão triste, que parou de ligar as estrelas para o planeta terra. Ele continua o seu trabalho para os outros planetas, é claro. Afinal, eles continuam regados apenas à luz do sol. Enquanto os seres terrestres teimarem em disputar com o espaço para ver quem brilha mais, ficaremos sem ver as estrelas.<br />
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Nota: Se você mora em Paris e pensa que não pode ver as estrelas por conta da iluminação absurda, está com toda a razão.não é apenas uma cartolahttp://www.blogger.com/profile/05327191812775385235noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6197234797772615632.post-17894486463912457752010-11-01T20:06:00.001-07:002010-11-01T20:06:30.382-07:00do ser humano Todos os seres humanos teem motivos para escrever. Só precisamos escontrá-los.não é apenas uma cartolahttp://www.blogger.com/profile/05327191812775385235noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6197234797772615632.post-58830366735067187632010-11-01T20:04:00.001-07:002010-11-01T20:04:33.908-07:00despedida Depois de um longo tempo isolado da parte humana do mundo. Convivendo diariamente com o sol em demasia, me fazendo adoecer em meio ao calor. Com os trovões que me acordavam assustado na claridade da noite. Com o entardecer infinito do céu, que me fazia ultrapassar as barreiras de apenas mais um planeta e carregá-lo em mãos. E, principalmente, tendo de conviver comigo mesmo. Sem pausas. Sem escape. E completamente entregue à minha própria companhia. Tenho, hoje, que voltar ao contato carnal. Olhos nos olhos. E eu, como sempre fui mestre, modestia à parte, tenho que me alojar dentro de mim. Ficar um tanto longe do seres humanos. Inclusive do meu ser humano. E observar de longe, cada folha que insiste em se agarrar na arvore que balança com o vento. E cada parte da arvore que floresce coloridas margaridas, que ao contrário das rosas, rosas, brotam amarelas. <br />
Deveria estar aliviado por finalmente voltar à minha não-rotina. Por viver dia após dia. E mesmo que não me agrade, fazer parte. Mas novamente está em meus olhos o medo do que virá. Estou imóvel, e incerto não consigo adormecer. Estou insone, e disposto começo a morrer. Se lhe serve de consolo, começamos a morrer quando nascemos.<br />
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Se eu descobrir um dia o que acontecerá comigo, eu posso inventar um bilhete descrevendo tudo com detalhes. Por hoje, me deixe morrer mais um pouco.não é apenas uma cartolahttp://www.blogger.com/profile/05327191812775385235noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6197234797772615632.post-12135942491514418972010-11-01T20:00:00.001-07:002010-11-02T11:00:28.036-07:00das sombrasAs pessoas conseguem enganar os outros seres que habitam esse planeta, quando eles estão distraídos. Eu quero ver essas mesmas pessoas enganarem suas própria sombras, distraídas ou não.não é apenas uma cartolahttp://www.blogger.com/profile/05327191812775385235noreply@blogger.com0